PATELOFEMORAL
Patelofemoral é a articulação que corresponde ao compartimento anterior do joelho, onde a patela se articula com seu sulco no fêmur. A articulação patelofemoral está envolvida em quase todas as nossas atividades físicas diárias como andar, sentar, levantar, subir e descer escadas, agachar e ajoelhar. Ela tem íntima relação com o músculo quadríceps femoral. Ela aparenta ser uma articulação simples, mas sua anatomia e fisiologia são bastante complexas. Uma porcentagem significativa dos pacientes que consultam um médico ortopedista especialista em joelho tem queixas relacionadas à articulação patelofemoral.
PATELOFEMORAL
A articulação patelofemoral é a articulação que forma o compartimento anterior da articulação do joelho. Ela é formada pela patela, que é o osso móvel localizado na frente do joelho, e pela tróclea femoral, que é o sulco localizado na região anterior e distal do fêmur. A patela se articula com a tróclea femoral. As duas superfícies que se articulam são revestidas com cartilagem, o tecido branco e brilhante que reveste os ossos dentro das articulações sinoviais. É a cartilagem que permite que os ossos se articulem entre si com o mínimo de atrito. Os ligamentos patelofemoral medial, patelofemoral lateral e patelar estabilizam e mantêm a patela no seu lugar dentro da tróclea durante os movimentos do joelho. A articulação é lubrificada pelo líquido sinovial, que é o líquido lubrificante natural das nossas articulações. A patela é o maior osso sesamóide do nosso corpo. Ela também possui a cartilagem mais espessa entre todas as nossas articulações. A patela dentro da tróclea femoral funciona como um fulcro que multiplica a força do músculo quadríceps femoral ao transmitir a força da contração muscular para a tíbia no movimento de extensão do joelho. A articulação patelofemoral é muito exigida no dia a dia. Andar, agachar, ajoelhar, subir e descer escadas, sentar e levantar são movimentos corporais que dependem totalmente da articulação patelofemoral. A anatomia, fisiologia e biomecânica patelofemoral são bastante complexas e variam muito entre as diferentes pessoas.
BIOMECÂNICA
As características biomecânicas da articulação patelofemoral são o resultado de uma complexa interação de elementos anatômicos. A estática e a dinâmica articular envolvem as geometrias ósseas, as restrições ligamentares, a contração do músculo quadríceps femoral e os alinhamentos angular e rotacional do membro inferior. Todos esses elementos precisam trabalhar em equilíbrio. A articulação patelofemoral tem dois mecanismos biomecânicos complexos que melhoram a transmissão da força muscular do quadríceps para a tíbia: o braço da alavanca extensora e o aumento gradativo da área de contato articular com o aumento da flexão do joelho. Na extensão completa do joelho o músculo quadríceps está relaxado e a patela repousa sobre a gordura suprapatelar. À medida que o joelho flexiona, a patela se movimenta distalmente dentro da tróclea. O contato máximo entre as superfícies cartilaginosas acontece entre 60˚ e 90˚ de flexão. A força de compressão que a articulação patelofemoral suporta depende da força muscular do quadríceps e do grau de flexão do joelho. A patela funciona como uma polia. A tróclea femoral suporta a força de compressão resultante das forças do tendão quadricipital e do tendão patelar. Essa força compressiva aumenta gradativamente com a flexão do joelho. Andar, pedalar, subir escada, descer escada, correr e agachar são movimentos que, progressivamente, aumentam a força resultante da compressão patelofemoral. No movimento de agachamento, com a flexão máxima do joelho que é de 135˚, a força compressiva entre a patela e o fêmur pode atingir valores superiores a 7 vezes o peso corporal. Alguns estudos chegam a citar que a força resultante pode atingir até 20 vezes o peso corporal, dependendo da altura da pessoa. Não é de se estranhar que a cartilagem da patela seja local frequente de lesões e processos degenerativos.
PROBLEMAS MAIS COMUNS
Por se tratar de uma estrutura que é muito exigida no dia a dia, a articulação patelofemoral é muito suscetível a desenvolver algumas patologias. Os 5 problemas que mais afetam a articulação são: síndrome patelar dolorosa, condromalácia patelar, artrose patelofemoral, luxação patelar e tendinite patelar.
SÍNDROME PATELAR DOLOROSA
A síndrome patelar dolorosa, que também é conhecida como síndrome patelofemoral, é caracterizada pela dor referida pelo paciente na região anterior do joelho sem que haja comprometimento da cartilagem e das outras estruturas que formam a articulação. O paciente se queixa de dor na região da patela e no exame de ressonância magnética não se encontra alterações que justifiquem a dor. A causa mais comum da síndrome patelar dolorosa é o desequilíbrio dos músculos do joelho, principalmente o encurtamento dos músculos isquiotibiais.
CONDROMALÁCIA PATELAR
A condromalácia patelar, também conhecida como condropatia patelar, é caracterizada pelo amolecimento da cartilagem da patela que, por diversos motivos, pode estar em sofrimento. Diferentemente da síndrome patelar dolorosa, no exame de ressonância magnética do joelho com condromalácia patelar é possível identificar alterações na cartilagem da patela. Na condromalácia patelar a cartilagem da patela já apresenta algum grau de dano estrutural.
ARTROSE PATELOFEMORAL
A artrose patelofemoral é caracterizada pela degeneração da cartilagem, tanto da patela como da tróclea femoral. A cartilagem patelofemoral se desgasta e, nas fases mais avançadas, expõem o osso subcondral. A artrose patelofemoral é uma condição que pode provocar muita dor no joelho e comprometer significativamente a qualidade de vida do paciente.
LUXAÇÃO PATELAR
A luxação patelar acontece quando a patela, por diversos motivos, sai do seu lugar. O deslocamento da patela da tróclea femoral pode acontecer por traumatismos ou por alterações anatômicas que facilitam a patela a sair da tróclea femoral. Patela alta, displasia da tróclea e inclinação lateral excessiva da patela são as alterações anatômicas mais comuns que predispõem à luxação da patela.
TENDINITE PATELAR
A tendinite patelar é a inflamação do tendão patelar, o forte tendão que liga a patela à tuberosidade da tíbia. O tendão patelar, ou ligamento patelar, é um dos tendões mais solicitados do corpo, principalmente durante a prática de esportes. Por esse motivo processos inflamatórios envolvendo o tendão patelar são relativamente comuns. A tendinite patelar também é conhecida como joelho do saltador porque ela é comumente diagnosticada nos joelhos de atletas de esportes com saltos como voleibol, basquetebol e handebol.
EXAMES
A articulação patelofemoral é estudada através de exames de imagem. RX, tomografia computadorizada e ressonância magnética são os exames mais solicitados para o estudo da anatomia e das patologias patelofemorais. Avanços recentes nos exames de imagem, principalmente no exame de ressonância magnética, tornaram possível uma avaliação mais precisa da anatomia individual do joelho de cada paciente. Desalinhamentos, instabilidades, alterações anatômicas, lesões ligamentares e danos à cartilagem são facilmente identificados nos exames de imagem.
ESPECIALISTA
A articulação patelofemoral é uma articulação que pode ser motivo de preocupação para pessoas de todas as idades e atletas de quase todas as modalidades esportivas. A articulação é complexa, com múltiplos pontos de contato e numerosos tecidos que se fixam à patela. Existe um intrincado equilíbrio das estruturas ao redor da patela para mantê-la no lugar durante os movimentos do joelho. As forças suportadas são intensas e variáveis e dependem do grau de flexão do joelho e do contato do pé com o solo. Conhecer a anatomia e a biomecânica da articulação patelofemoral é fundamental para entender as patologias que podem acometer as suas estruturas articulares. Pacientes que sentem descondorto, dor, rangidos ou instabilidade envolvendo a articulação patelofemoral devem consultar um médico ortopedista especialista em joelho para diagnosticar e tratar o problema.