LUXAÇÃO PATELAR
A luxação patelar, também conhecida como deslocamento patelar, acontece quando a patela sai do lugar. A patela é o osso móvel localizado na frente do joelho. Antigamente a patela era chamada de rótula. Na articulação normal a patela está centrada na tróclea, o sulco no fêmur onde ela se articula, fazendo parte do mecanismo extensor do joelho, que é formado pelo músculo quadríceps femoral, a própria patela e o tendão patelar. A patela apresenta uma boa mobilidade quando o joelho está em extensão e a musculatura da coxa está relaxada.
LUXAÇÃO DA PATELA
A saída da patela da tróclea femoral é chamada de luxação patelar. A luxação da patela pode acontecer em joelhos anatomicamente normais, mas é mais comum nos joelhos que apresentam alterações anatômicas que predispõem a patela a sair do lugar. A luxação da patela é mais comum em mulheres jovens. A saída frequente da patela do lugar é chamada de luxação patelar recidivante.
FATORES PREDISPONENTES
As alterações anatômicas mais comuns que facilitam a luxação da patela são: tróclea rasa, patela inclinada lateralmente, patela alta, patela displásica, frouxidão cápsulo-ligamentar, joelho valgo e joelho com o ângulo Q aumentado. O ângulo Q é o ângulo formado pela direção da contração muscular do quadríceps femoral na sua inserção na patela e a direção de tração do tendão patelar desde a patela até sua inserção na tuberosidade anterior da tíbia. O aumento do ângulo Q cria um vetor que força a lateralização da patela. A hipotonia muscular também é um fator importante.
TA-GT
A TA-GT é uma medida feita no exame de tomografia computadorizada do joelho. A medida é a distância entre duas retas traçadas no exame. Uma das retas está centrada na tuberosidade anterior da tíbia e a outra está centrada no fundo da tróclea femoral. O computador sobrepõe os dois cortes onde as retas estão centradas. A medida TA-GT é mais real e precisa do que a medida do ângulo Q que é feita no exame físico do joelho. A medida TA-GT é considerada normal quando tem até 20mm.
TRAUMATISMOS
A luxação da patela pode acontecer por um traumatismo indireto, como uma entorse do joelho, ou por um traumatismo direto, como uma forte pancada no joelho. O conjunto cápsulo-ligamentar que mantém a patela na tróclea pode não resistir às grandes forças que são aplicadas na patela durante uma entorse e ela luxa. O mesmo pode acontecer em uma contusão forte diretamente no joelho que, dependendo da direção e intensidade da força, pode tirar a patela do lugar.
QUADRO CLÍNICO
A luxação da patela é um evento muito doloroso e a dor só alivia depois que ela volta ao lugar. A luxação costuma acontecer de forma inesperada. Na maioria das vezes a patela volta rápido e sozinha para a tróclea femoral, mas existem alguns pacientes que acabam precisando de intervenção médica, no hospital, inclusive sob anestesia, para redução da patela. Após a luxação o joelho costuma inchar e o paciente pode ficar com uma sensação de apreensão ou insegurança por várias semanas, tendo a impressão de que a luxação pode acontecer de novo a qualquer momento.
REDUÇÃO DA PATELA LUXADA
A patela luxada volta ao lugar com a extensão do joelho. O paciente deve ser orientado a relaxar a musculatura da coxa enquanto alguém ajuda esticando devagar a perna. O paciente sente um grande alívio quando a patela volta ao seu lugar.
LESÕES ASSOCIADAS
Lesão do ligamento patelofemoral medial, contusão óssea e fratura osteocondral são lesões que comumente estão associadas à luxação da patela.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da luxação da patela pode ser feito clinicamente, quando a patela ainda está luxada. É possível visualizar o osso deslocado lateralmente no joelho. Mas, como a maioria das luxações se reduz sozinha, o diagnóstico pode ser feito com a ajuda de exames de imagem. RX, tomografia computadorizada e ressonância magnética são os exames necessários para avaliar um joelho que teve a sua patela luxada. Os exames servem para confirmar o diagnóstico de luxação patelar, identificar a presença de lesões associadas e também estudar a anatomia da articulação patelofemoral.
TRATAMENTO
O tratamento da luxação patelar pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador inclui a imobilização temporária do joelho, uso de anti-inflamatórios e sessões de fisioterapia. O tratamento cirúrgico é indicado na presença de lesão osteocondral com deslocamento ou soltura do fragmento, extensa rotura do ligamento patelofemoral medial ou nos casos de luxação recidivante.
CIRURGIA
A cirurgia para correção da luxação recidivante da patela é chamada de realinhamento patelar. Diversos procedimentos cirúrgicos podem ser necessários para corrigir as alterações morfológicas patelofemorais que predispõem a patela a sair frequentemente do seu lugar. A liberação do retináculo patelar lateral, a reconstrução do ligamento patelofemoral medial, a osteotomia para medialização da tuberosidade anterior da tíbia, a trocleoplastia e a condroplastia são os procedimentos mais comuns. Alguns desses procedimentos podem ser feitos por artroscopia.
ARTROSE PATELOFEMORAL
A luxação da patela pode desencadear o processo degenerativo pós-traumático da cartilagem. A artrose patelofemoral costuma se desenvolver em joelhos que tiveram luxação da patela e é mais comum nos casos de luxações patelares recidivantes.
FISIOTERAPIA
A fisioterapia é extremamente importante na reabilitação do paciente que teve o joelho operado para realinhamento patelar. Existem protocolos específicos que devem ser seguidos rigorosamente para que o resultado da intervenção cirúrgica seja ótimo.
ESPECIALISTA
Um médico ortopedista especialista em joelho deve sempre ser consultado em casos de luxação da patela.