DESGASTE DA CARTILAGEM DO JOELHO
Artrose é o nome que se dá ao processo de degeneração e desgaste da cartilagem articular. O joelho é a articulação mais afetada pela artrose. A artrose do joelho, também chamada de gonartrose, é uma doença bastante comum que afeta milhares de pessoas em todo o mundo.
CARTILAGEM DO JOELHO
A articulação do joelho é formada por três ossos ( fêmur, tíbia e patela ) que são unidos entre si pela cápsula articular e por outras estruturas como ligamentos, tendões, meniscos, etc… As superfícies ósseas dentro do joelho são revestidas por cartilagem, um tecido branco e brilhante que forma uma superfície regular e lisa para que os ossos possam se articular entre si. O tecido que reveste as paredes internas do joelho é chamado de sinóvia. Um líquido amarelado, transparente e viscoso, chamado de líquido sinovial, é produzido pela sinóvia e funciona como lubrificante e fonte de nutrientes para a cartilagem. A sinóvia, quando inflamada ( sinovite ), produz maior quantidade de líquido sinovial e o joelho incha, produzindo um derrame articular, popularmente chamado de “água no joelho“.
DOR NO JOELHO
A dor é o principal sintoma da artrose do joelho, mas outros sinais e sintomas também costumam estar presentes como inchaço, crepitações, deformidades, claudicação, etc… Apesar de ainda não existir um tratamento efetivo para regenerar a cartilagem que se desgastou e que possa ser rotineiramente usado para todos os pacientes com artrose, existem muitos tratamentos possíveis para o alívio dos sintomas e para evitar a progressão da doença.
TRATAMENTOS POPULARES
Os tratamentos populares para a artrose do joelho não funcionam. Como curiosidade apenas, veja o que se usa: semente de sucupira, unha de gato, semente de abacate, garra-do-diabo, cartilagem de tubarão, cogumelo do sol, gelatina de peixe, canela de velho, chapéu-de-couro, salsaparrilha, rosa-canina, confrei, salgueiro-branco, pimenta Cayenne, freixo, argila medicinal, óleo de andiroba, óleo de alho, amêndoas, levedo de cerveja, gérmen de trigo, semente de mostarda, vinagre, algas marinhas, lama negra, aipo, alfafa, araçá, buva, calêndula, tarumã, cavalinha, velame, dente-de-leão, guiné, caroba, canema, cedro-rosa, paineira, rabanete, caiapó, cloreto de magnésio, estigma de milho, marapuama, gergelim preto, uva ursi, cereja de inverno, melancia, mentrasto, vinagre de maçã, banana, linhaça, ulmária, alecrim e magnetoterapia ( uso de imãs em colchões, almofadas, joelheiras, etc… ). Até a injeção de ozônio no joelho e a terapia para aplicação de ondas de choque ( PST ) têm sido indicada por “especialistas”. Mas sabemos que nenhum desses “tratamentos” faz a cartilagem gasta se regenerar e, portanto, não funcionam como tratamento da artrose do joelho.
SUPLEMENTOS ALIMENTARES E COLÁGENO
A condroitina e a glucosamina são duas substâncias que foram muito prescritas para pacientes com artrose do joelho. Muitos profissionais, desconhecedores de informações atualizadas, ainda as prescrevem. Inúmeros estudos concluíram que a condroitina e a glucosamina não ajudam na regeneração da cartilagem e que seu uso seria semelhante ao uso de placebo. A AAOS ( American Academy of Orthopaedic Surgeons ) tem uma diretriz de 2013 que recomenda aos médicos não prescrever mais essas substâncias porque não servem para o que é anunciado. Nos Estados Unidos o FDA classifica essas substâncias como suplementos alimentares. Não são considerados medicamentos. São vendidos em qualquer lugar e podem ser comprados por qualquer pessoa. Da mesma forma que a condroitina e a glucosamina, vários estudos mostraram que a ingestão de colágeno, ou colágeno hidrolisado, não ajuda na regeneração da cartilagem nem na sua manutenção. Nos Estados Unidos o FDA classifica o colágeno como um suplemento alimentar, como a condroitina e a glucosamina. No Brasil o colágeno é classificado como alimento ( gelatina ) e na embalagem ou bula de preparados contendo colágeno deve constar a seguinte informação: O Ministério da Saúde Adverte – NÃO EXISTEM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS COMPROVADAS DE QUE ESTE ALIMENTO PREVINA, TRATE OU CURE DOENÇAS.
PRP E CÉLULAS-TRONCO
No congresso da AAOS ( American Academy of Orthopaedic Surgeons ), que aconteceu em março de 2014 em New Orleans, nos Estados Unidos, foi afirmado por renomados professores que PRP ( plasma rico em plaquetas ), BMP ( proteína óssea morfogenética ) e células-tronco não funcionam para o tratamento da artrose do joelho e que não existe, até o presente momento, tratamento efetivo para a regeneração da cartilagem hialina. No momento os órgãos oficiais ( ANS, ANVISA, CFM, etc… ) consideram esses “tratamentos” como experimentais e por isso eles não constam do Rol de Procedimentos da ANS, motivo pelo qual os convênios não cobrem seus custos. Eles só podem ser feitos em pesquisas científicas, dentro de hospitais-escola, seguindo os protocolos do trabalho científico, com autorização da comissão de ética e conhecimento dos órgãos responsáveis. Não pode ter custo para o paciente. Estudos mostraram que a cartilagem, antes de começar o processo degenerativo, começa a perder proteoglicanos da matriz condral. A concentração de sódio na cartilagem tem relação direta com a concentração de proteoglicanos. Foi na Universidade de Stanford que desenvolveram o estudo onde se usa a ressonância magnética programada para a detecção da frequência do sódio para avaliar as cartilagens. Assim, com antecedência até de décadas, pode-se saber quais superfícies cartilaginosas irão entrar em degeneração. Como não existe ainda cura para a artrose, há uma corrente de estudiosos pesquisando técnicas para descobrir quais cartilagens irão evoluir para artrose, para que seja instituído um tratamento precoce que impeça ou retarde a evolução da doença.
ÁCIDO HIALURÔNICO
Dentre as várias possibilidades de tratamento não-cirúrgico existe a viscossuplementação, que consiste na infiltração de um medicamento de alta viscosidade, à base de ácido hialurônico, no joelho com artrose, para melhorar o ambiente intra-articular, aliviar a dor e retardar o desgaste da cartilagem. O medicamento é semelhante a um gel e funciona como um lubrificante, diminuindo o atrito entre as superfícies em contato e o processo inflamatório, consequentemente diminuindo a dor. Estudos mostraram que aqueles medicamentos que apresentam maior peso molecular e maior concentração de ácido hialurônico têm melhor efeito e maior durabilidade.
INFILTRAÇÃO NO JOELHO
A infiltração articular para viscossuplementação é um procedimento rápido e simples, que pode ser feito no consultório com anestesia local. Depois da aplicação o paciente pode andar normalmente. É recomendado apenas evitar grandes esforços por alguns dias. É importante que o paciente consulte um médico especialista que possa lhe orientar em relação ao tratamento da viscossuplementação do joelho ( medicamentos indicados, doses, frequência das aplicações, etc… ). A viscossuplementação pode ser uma excelente alternativa para um grande número de pacientes com artrose no joelho.
ARTROSCOPIA
Muitos casos de artrose do joelho podem precisar de tratamento cirúrgico para limpeza da articulação, retirada de fragmentos condrais soltos, regularização das lesões, microfraturas, mosaicoplastia, realinhamento patelar, etc… Isso pode ser feito pela moderna técnica da artroscopia. São feitas duas mini-incisões, uma de cada lado do joelho. Por um desses orifícios o médico introduz o artroscópio, um instrumento óptico que é acoplado a uma câmera e que transmite as imagens de dentro da articulação, ampliadas e em alta resolução, para um monitor de vídeo. Pelo outro orifício são inseridos os instrumentos cirúrgicos artroscópicos, que permitem ao cirurgião tratar as lesões.
ARTROPLASTIA
Nos casos onde todos os tratamentos conservadores e intervenções menos invasivas, como a viscossuplementação e a artroscopia, não surtem efeito, indica-se a cirurgia para colocação de uma prótese – a artroplastia. As superfícies onde houve o desgaste da cartilagem são preparadas e uma prótese, feita de liga metálica e polietileno, é colocada no lugar. A implantação de uma prótese no joelho deve ser sempre o último recurso. Pacientes com artrose do joelho devem consultar um médico ortopedista especialista em joelho para que possam receber todas as informações específicas para o seu caso em particular. Existem várias novidades e tratamentos de última geração.