PRP ( PLASMA RICO EM PLAQUETAS ) PARA O JOELHO
O PRP ( Plasma Rico em Plaquetas ) é um concentrado composto por produtos derivados do sangue que contêm substâncias responsáveis pela cicatrização e pelo crescimento celular. É também conhecido como gel plaquetário. Os benefícios clínicos desses preparados foram relatados inicialmente nas cirurgias da área bucomaxilofacial. Desde a década de 90 o concentrado de PRP tem sido utilizado como procedimento médico para tratar lesões musculoesqueléticas e ósseas. Com o aumento do incentivo comercial das indústrias farmacêuticas, em especial na área da Medicina Esportiva, ocorreu uma popularização do uso dessa terapia, de forma desorganizada e não padronizada. Rapidamente o procedimento foi difundido para múltiplos usos como se fosse a melhor alternativa para tratar todas as lesões do joelho, o que é um mito.
OBTENÇÃO DO PRP
Existem muitos métodos para obtenção de PRP, cada um com características específicas quanto à capacidade de concentração das plaquetas e ao processo de liberação de determinados fatores de crescimento – os ingredientes responsáveis pela cicatrização e pelo crescimento celular. Evidências na literatura mostram que o mecanismo de ação desses fatores não está totalmente esclarecido e mais estudos são necessários para avaliar as suas reais implicações.
ARTROSE DO JOELHO
Injeções de PRP no joelho tem sido usadas como tratamento para a artrose do joelho. Muitos pesquisadores estão estudando se essa opção é realmente válida. O FDA, nos Estados Unidos, não autorizou o uso de PRP para o tratamento da artrose do joelho. Estudos recentes concluíram que o PRP não tem efeito algum no joelho onde a cartilagem está degenerando. Algumas clínicas anunciam o uso de PRP para regenerar a cartilagem dos joelhos artrósicos. A realidade é que o tecido cartilaginoso não tem capacidade de regeneração, com ou sem o uso de PRP.
ESTUDOS
Estudos de alta qualidade metodológica descrevem resultados contraditórios e/ou inconclusivos quanto à adoção desse tratamento, o que pode estar relacionado à ampla variação de técnicas para a obtenção do preparado. A falta de padronização para a obtenção do PRP é uma das maiores preocupações dos médicos na hora de optar pelo procedimento, uma vez que o preparado pode não se enquadrar na concentração ideal para agir com eficiência sobre as lesões. Enquanto o uso do PRP permanece controverso, a única certeza que se tem é a de que é necessária a produção de novos estudos de alta qualidade, que avaliem com precisão as indicações, os efeitos e as limitações desse tipo tratamento, para assegurar que os seus efeitos deixem de ser mitos e se tornem verdades de fato. Um dos mais recentes estudos de qualidade, publicado em 2.019 na revista médica Therapeutic Advances in Chronic Diseases, concluiu que o uso do PRP não tem efeito algum e que o seu uso não se mostrou melhor do que os placebos.
AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY
As diretrizes atuais da ACR ( American College of Rheumatology ) recomendam fortemente evitar o uso de PRP no tratamento da artrose do joelho porque essa terapia é experimental e não foi ainda totalmente desenvolvida e padronizada. Segundo a entidade, enquanto não se tiver certeza do exato conteúdo de cada dose de PRP, a terapia não tem como ser aplicada porque não tem como se saber os seus efeitos.
AMERICAN ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS
As diretrizes atuais da AAOS ( American Academy of Orthopaedic Surgeons ) também recomendam evitar o uso de PRP no tratamento da artrose do joelho porque não existem evidências suficientes de que essa terapia seja benéfica para os pacientes.
FDA
O FDA ( Food and Drug Administration ), agência governamental que lida com o controle das indústrias alimentícias e de medicamentos nos Estados Unidos, aprovou vários métodos e centrífugas para a obtenção dos preparados de PRP. No entanto, O USO DO PRP NA PRÁTICA CLÍNICA NÃO ESTÁ TOTALMENTE APROVADO E TODA A RESPONSABILIDADE DE APLICÁ-LO É DO MÉDICO.
NHS
Em 2008, o NICE ( The National Institute of Health and Clinical Excellence ), o núcleo de maior autoridade em saúde no serviço público de saúde do Reino Unido – NHS, declarou que NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA PERMITIR O USO DO PRP NA ROTINA CLÍNICA E QUE SUA UTILIZAÇÃO DEVE FICAR RESTRITA APENAS À PESQUISA CLÍNICA.
RISCOS DO USO DO PRP
Como o PRP é derivado do próprio sangue, não existe chance do paciente apresentar alergia ou uma reação imunológica. Efeitos colaterais são raros. Dor após a aplicação é a queixa mais comum. O risco principal é de infecção. Foram descritos vários casos de infecção em partes moles e artrite séptica após a aplicação de PRP. A produção de PRP é um processo envolvendo várias etapas, desde a coleta do sangue até a separação do PRP, e isso aumenta a possibilidade de contaminação.
BRASIL
Importante lembrar que no Brasil o uso de CÉLULAS-TRONCO e do PRP na ortopedia é considerado experimental. Leia AQUI a resposta da ANVISA ao questionamento sobre o assunto feito pela SBCJ ( Sociedade Brasileira de Cirurgia de Joelho ). Leia AQUI o parecer do CFM ( Conselho Federal de Medicina ) sobre o assunto. Leia AQUI a resolução do CFM ( Conselho Federal de Medicina ) sobre o assunto.
TRATAMENTO EXPERIMENTAL
O uso do PRP no Brasil é considerado experimental. Não é permitido “tratar” pessoas de forma experimental sem um projeto sistematizado e devidamente aprovado: os tratamentos e procedimentos precisam estar registrados na Anvisa e reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como práticas válidas no país. Procedimentos de exceção devem ser regrados pelos CEPs ou Comitês de Bioética. Jamais podem ser realizados de forma independente pelo médico assistente do caso, sem autorização expressa do paciente (ou seu representante legal) e dos comitês citados. Do ponto de vista ético e moral, mesmo que um paciente exija um tratamento experimental, sem base científica, o médico não poderá realizá-lo. Em vez disso, deverá orientar, demonstrar e auxiliá-lo a concluir pela impropriedade de determinadas atitudes. Os atos médicos são de responsabilidade de quem os pratica, sendo solidária a direção técnica/clínica da instituição em que ocorreram. Esta deve demonstrar que ofertou a melhor maneira de tratar aquele paciente de acordo com as evidências científicas, infraestrutura e recursos humanos apropriados. Tratamentos experimentais não devem ter custo para o paciente e devem ser realizados em hospital-escola, seguindo todos os protocolos determinados pelas autoridades competentes. É um mito afirmar que a prática do uso do PRP esteja suficientemente conhecida e aprovada pelos órgãos reguladores de práticas médicas e pela indústria farmacêutica.